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''E eu que era um menino puro''<br>
 
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Sobre o meu corpo boiavam
 
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Trazendo à tona águas-vivas
 
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Quanto meus olhos não viram
 
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No céu da areia da praia
 
No céu da areia da praia

Edição das 10h59min de 15 de agosto de 2008

E eu que era um menino puro
Não negativa
No mangue daquela carne! Dizia que era morena...


Sabendo que era mulata Dizia que era donzela Nem isso não era ela Era uma môça que dava. Deixava... mesmo no mar Onde se fazia em água Onde de um peixe que era Em mil se multiplicava Onde suas mãos de alga Sobre o meu corpo boiavam Trazendo à tona águas-vivas Onde antes não tinha nada. Quanto meus olhos não viram No céu da areia da praia Duas estrelas escuras Brilhando entre aquelas duas Nebulosas desmanchadas E não beberam meus beijos Aqueles olhos noturnos Luzinho de luz parada Na imensa noite da ilha! Era minha namorada Primeiro nome de amada Primeiro chamar de filha Grande filha de uma vaca! Como não me seduzia Como não me alucinava Como deixava, fingindo Fingindo que não deixava! Aquela noite entre todas Que cica os cajus! travavam! Como era quieto o sossego Cheirando a jasmim-do-Cabo! Lembro que nem se mexia O luar esverdeado. Lembro que longe, nos longes Um gramofone tocava, Lembro dos seus anos vinte Junto aos meus quinze deitados Sob a luz verde da lua. Ergueu a saia de um gesto Por sobre a perna dobrada Mordendo a carne da mão Me olhando sem dizer nada Enquanto jazente eu via Como uma anêmona n'água A coisa que se movia Ao vento que a farfalhava. Toquei-lhe a dura pevide Entre o pêlo que a guardava Beijando-lhe a coxa fria Com gosto de cana-brava. Senti, à pressão do dedo Desfazer-se desmanchada Como um dedal de segredo A pequenina castanha Gulosa de ser tocada. Era uma dança morena Era uma dança mulata Era o cheiro de amarugem Era a lua cor de prata Mas foi só aquela noite! Passava dando risada Carregando os peitos loucos Quem sabe pra quem, quem sabe! Mas como me perseguia A negra visão escrava Daquele feixe de águas Que sabia ela guardava No fundo das coxas frias! Mas como me desbragava Na areia mole e macia! A areia me recebia E eu baixinho me entregava Com medo que Deus ouvisse Os gemidos que não dava! Os gemidos que não dava Por amor do que ela dava Aos outros de mais idade Que a carregaram da ilha Para as ruas da cidade. Meu grande sonho da infância Angústia da mocidade.

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