Mudanças entre as edições de "Usuário:Drielle"

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''E eu que era um menino puro''<br>
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Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.
Não negativa<br>
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É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
No mangue daquela carne!
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Quem quase ganhou ainda joga,
Dizia que era morena...
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quem quase passou ainda estuda,
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quem quase morreu está vivo,
Sabendo que era mulata
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quem quase amou não amou.
Dizia que era donzela
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Nem isso não era ela
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Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Era uma môça que dava.
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Deixava... mesmo no mar
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Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
Onde se fazia em água
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A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Onde de um peixe que era
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Em mil se multiplicava
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A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Onde suas mãos de alga
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Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Sobre o meu corpo boiavam
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Trazendo à tona águas-vivas
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Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
Onde antes não tinha nada.
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O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Quanto meus olhos não viram
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No céu da areia da praia
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Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Duas estrelas escuras
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Brilhando entre aquelas duas
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Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
Nebulosas desmanchadas
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De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
E não beberam meus beijos
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Aqueles olhos noturnos
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Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Luzinho de luz parada
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Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Na imensa noite da ilha!
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Era minha namorada
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Desconfie do destino e acredite em você.
Primeiro nome de amada
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Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Primeiro chamar de filha
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Grande filha de uma vaca!
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Como não me seduzia
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Como não me alucinava
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Como deixava, fingindo
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Fingindo que não deixava!
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Aquela noite entre todas
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Que cica os cajus! travavam!
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Como era quieto o sossego
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Cheirando a jasmim-do-Cabo!
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Lembro que nem se mexia
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O luar esverdeado.
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Lembro que longe, nos longes
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Um gramofone tocava,
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Lembro dos seus anos vinte
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Junto aos meus quinze deitados
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Sob a luz verde da lua.
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Ergueu a saia de um gesto
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Por sobre a perna dobrada
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Mordendo a carne da mão
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Me olhando sem dizer nada
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Enquanto jazente eu via
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Como uma anêmona n'água
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A coisa que se movia
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Ao vento que a farfalhava.
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Toquei-lhe a dura pevide
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Entre o pêlo que a guardava
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Beijando-lhe a coxa fria
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Com gosto de cana-brava.
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Senti, à pressão do dedo
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Desfazer-se desmanchada
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Como um dedal de segredo
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A pequenina castanha
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Gulosa de ser tocada.
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Era uma dança morena
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Era uma dança mulata
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Era o cheiro de amarugem
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Era a lua cor de prata
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Mas foi só aquela noite!
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Passava dando risada
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Carregando os peitos loucos
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Quem sabe pra quem, quem sabe!
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Mas como me perseguia
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A negra visão escrava
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Daquele feixe de águas
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Que sabia ela guardava
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No fundo das coxas frias!
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Mas como me desbragava
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Na areia mole e macia!
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A areia me recebia
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E eu baixinho me entregava
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Com medo que Deus ouvisse
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Os gemidos que não dava!
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Os gemidos que não dava
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Por amor do que ela dava
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Aos outros de mais idade
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Que a carregaram da ilha
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Para as ruas da cidade.
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Meu grande sonho da infância
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Angústia da mocidad
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Imagem:foto minha.jpg
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Edição das 19h55min de 17 de agosto de 2008

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.

Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

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