Usuário:Donaldwc
Estamos terminando Licenciatura em Física na Faculdade de Física embutido na grande comunidade que é a Universidade de São Paulo. Em pouco tempo, vamos precisar encarar o desafio de achar e exercitar a função de professor. Quase cem anos atrás um jovem alemão que morava na Suiça estava na mesma situação, e olhando as circumstâncias dele, ele estava até pior do que a gente.
Recém-casado, com uma filha doente e a mulher também desempregada, o jovem não achava nenhuma possibilidade de lecionar nas escolas tradicionais. Dava aula particular, dava aula de graça, dava sinais de instabilidade ou irresponsabilidade ao gastar o pouco dinheiro que tinha no bolso em cigarro, cerveja e salsicha. Gastava mais tempo falando com amigos (claro, sobre os principios da física e ciências, misturado com filosofia) e tocando violino do que buscando emprego. Amava a esposa de tal maneira que anos depois quando a situação financeira era bem diferente, ela e ele tinham saudades dos primeiros anos.
O tempo gastado com as conversas nos lares e bares não era inútil. Pode dizer que o grupo de amigos, mesmo que tinha interesses similares, era eclético. Claro, a história e a fama de Albert Einstein não se repete e muito pouco dos colegas que se formaram na ETH de Zurique alcançaram nem fama, nem história. Licenciatura em Física se tornou a fundação e alicerce de tudo que o Einstein conseguiu na vida profissional. No início, era mais do que difícil. Não na parte de ondas electromagnéticas movimentando no tempo, mais grana para pagar o aluguel e cuidar da mulher.
Prémios Nobeis e fama em Física talvez não nos esperam, mas creio que a felicidade dos primeiros anos que o Einstein e a Mileva viveram, pode ser nosso motivo para hoje e amanhã.
Niels Bohr recebeu o prêmio Nobel de 1922 para “investigações do estrutura dos átomos e a radiação emitida”. Na realidade, o que todo físico entende é que Bohr calculou o raio da órbita do único eletron do hidrogênio e isso em 1912 trabalhando com Rutherford no laboratório experimental de Manchester.
Pelo menos Newton tinha a vantagem de ver os planetas em órbita no sol. No mundo pequeno e digo muito pequeno, isso não é possível. Einstein sempre falava que a imaginação era mais importante do que conhecimento. Eu acho que Niels Bohr usava a imaginação todo dia.
Bohr gostava de falar, e falar muito. Nunca fez grandes cálculos. Para ele, o conceito era importante. Alguém pode calcular o resultado como resposta de um anunciado. Mas quando você não entende o anunciado, nada iria dar certo. Bohr tinha o costume de dizer “interessante” quando ele desconfiava de uma proposta ou ideia. Ele fumava o cachimbo dele, escutava e falava “interessante”, mas completamente contrariado. Quando ele falava “eu quero ver mais” ou “eu quero discutir este assunto com você”, então ele realmente estava empolgado.
O mundo é interessante, fascinante. Mas se você para no interessante, você nunca chega ao mais interessante que é o que você quer entender mais! Procura mais. Vai até o fim. Provavelmente numa discussão com seus amigos. Quem sabe no aquele bar que o Einstein estava fumando e bebendo.
Newton era um recluso, hermita. Eiinstein sempre trabalhava sozinho até o ponto que ele precisava de ajuda dos matemáticos. Mas Bohr aprendia falando, pensando em voz alto. Ele nem escrevia as ideais. Kramers fazia isso para ele. Qual é o maneira que é importante em aprender para você?
Por muitos anos, Werner Heisenberg dominou a teoria quântica. Inclusive, em 1932 ele ganhou o prêmio Nobel por isso. Como jovem estudante, Heisenberg se tornou o “wunderkind”, ou seja, garoto maravilhoso, de Arnold Sommerfeld na universidade de Munique que por coincidência ajudou Niels Bohr a entender o conceito de órbitos para eletrons. O trabalho deles ficou famoso e conhecido como o Bohr-Sommerfeld modelo do átomo.
Antes de Heisenberg concluir o bacharel, Sommerfeld o indicou para estudar na Universidade de Göttingen com Max Born. Por mais incrível que pareça, Max Born tinha dois assistentes no mesmo tempo... Heisenberg e Wolfgang Pauli. Muita lenha para a fogueira do jovem Heisenberg! Ele e Pauli se tornaram muito amigos e enquanto nunca trabalharam outra vez juntos, trocaram cartas e ideias sobre um vasto gama de conceitos.
Em 1923, com apenas 22 anos, Heisenberg voltou para Munique para terminar o doctorado em física. Se matriculou num curso de dinâmico de fluidos com modelos matemáticos com o professor Wilhelm Wien. Wien também tinha ganho o prêmio Nobel em 1911 e todos conhecem hoje por causa da “Lei de Wien” que relaciona cumprimento de onda e temperatura no espectral de radiação. Wien detestava a teoria quântica do átomo, e Heisenberg tinha o mesmo sentimento para a área experimental.
No exame para doctorado naquela época, o aluno tinha que mostrar domínio em todos os conceitos da física. De repente o professor Wien foi colocado na banca do Heisenberg para o exame oral e insistiu em perguntas sobre o trabalho dele no laboratório. Wien queria saber o poder de resolução de um dispositivo ótica, ou seja, o tamanho da imagem formada. Heisenberg não lembrava o maldito fórmula do livro e tentou o derivado na hora. Errou.
O professor Sommerfeld, orientador do Heisenberg, tinha que negociar a nota dele dentro de um clima muito tenso. No final, todos admitiram que Heisenberg tinha mostrado conhecimento suficiente sobre a física inteira. A nota dele para o doctorado ficou em apenas 5,0. Provavelmente, foi a nota mínima que ele mais valorizou.